quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

CALAZAR EM MOSSORÓ-RN

Mossoró registra metade dos casos de calazar humano do Estado

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A incidência da Leishmaniose Visceral, mais conhecida como calazar, em humano em Mossoró continua como ameaça à saúde pública. E a média de casos no município corresponde à metade do Rio Grande do Norte. Enquanto o Estado registra de 70 a 80 casos por ano, Mossoró tem a média de 25 a 30 casos anuais, segundo o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ). E o pior: a doença continua a matar em Mossoró.
O número de mortes por calazar aumentou no município nos últimos anos, embora a quantidade de casos tenha diminuído. Em 2008, foram 36 casos e nenhuma morte; em 2009, 38 casos e duas mortes; em 2010, 24 casos e três óbitos e, em 2011, 22 casos e três mortes. Números altos, sobretudo se comparados à média nacional, segundo o Centro de Zoonoses.

O médico veterinário Felipe Caetano Júnior, do Centro de Zoonoses, admite que o combate ao calazar em Mossoró seria mais eficiente, se houvesse mais condição de trabalho. Daí, a alta incidência. "Trabalhamos no limite, dentro das condições que nos são oferecidas", revela o profissional, observando a necessidade de melhoria na estrutura física e de pessoal.

Apesar das limitações, assegura que o Centro de Zoonoses tem feito a sua parte. Entre 2007 e 2011, foram sacrificados cerca de nove mil cachorros. Desses, 3.956 foram por conta de calazar. Os locais com incidência de calazar são Dix-sept Rosado, Aeroporto, Abolições, Santa Delmira, Sumaré, Bom Jesus, Alto de São Manoel, Lagoa do Mato, Costa e Silva e Dom Jaime Câmara.

Porém, outros bairros também têm registro da doença. O problema é que não foram visitados pela equipe do Centro de Zoonoses justamente por limitação nas condições de trabalho. "Esses foram os bairros que a equipe visitou, porque não tem condições de visitar todos os bairros da cidade", lamenta Caetano.

Mas o trabalho continua, assegura o médico veterinário. Quando são detectados casos humanos, é feita a borrifação no quarteirão do paciente contra o vetor da doença, o mosquito que transmite o vírus do calazar do cachorro para o ser humano através da picada. "O ideal em Mossoró seria o controle do vetor, mas não existe na cidade", lamenta.

Além da falta de condições ideais de trabalho no Centro de Zoonoses, as questões urbanísticas favorecem a incidência do calazar em Mossoró. É o caso do excesso de terrenos baldios e o crescimento urbano, a cidade invadindo a área onde vive o mosquito transmissor. "A falta de higiene da população também contribui", alerta Felipe Caetano. 
Ministério Público busca reforçar o combate à doença
A grande quantidade de calazar humano em Mossoró e a falta de estrutura do Centro de Zoonoses chamam atenção do Ministério Público Estadual. O promotor Flávio Cortes Pinheiro, da Promotoria da Saúde, informa que buscará parceria de outros organismos com o órgão, a fim de melhorar a estrutura e tornar mais eficiente o combate à doença.
Uma questão que precisa ser trabalhada, segundo ele, é a parte educativa e de conscientização, já que ainda é forte a resistência dos donos de sacrificar os animais doentes de calazar. Exemplo disso é uma demanda judicial decorrente da resistência de uma proprietária a entregar seu cachorro doente para o sacrifício.
O Ministério Público teve de ajuizar ação civil pública para assegurar o sacrifício do animal, denominado "Branquinho", diagnosticado com calazar. Dia 30 de março de 2011, a Justiça concedeu mandato de busca e apreensão do cachorro. Porém, a dona vem recorrendo da decisão judicial, e o animal continua vivo, representando risco à saúde pública.
É que o animal já foi submetido a três exames, todos positivos para calazar, segundo o promotor Flávio Cortes Pinheiro, mesmo o cachorro não apresentando sintomas clássicos da doença. Ontem, a Justiça determinou o sacrifício. O Centro de Zoonoses informa que vai esperar o decurso do prazo de 15 dias antes de realizar o procedimento.
 Fonte: Redação de O Mossoroense

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