quarta-feira, 20 de junho de 2012

DENGUE


 Sesap descarta fumacê para Natal


O carro fumacê não será usado em Natal até setembro. A avaliação é da Secretaria Estadual de Saúde Pública. Segundo a subcoordenadora de Vigilância Epidemiológica, Juliana Araújo, a Secretaria Estadual não vê "nesse momento nenhum critério para utilizar o carro fumacê". O motivo é a utilização recente, em março, do mesmo artifício para tentar conter o aumento de casos de dengue na capital. Juliana afirma que, por questões técnicas, somente a cada seis meses é indicado utilizar o fumacê.

Alberto LeandroJuliana Araújo explica que há critérios técnicos rígidos para uso de carros-fumacê no combate à dengueJuliana Araújo explica que há critérios técnicos rígidos para uso de carros-fumacê no combate à dengue

O intervalo para utilização do carro fumacê é necessário para evitar que o mosquito transmissor da dengue se torne resistente ao inseticida. De acordo com Juliana Araújo, o Governo Federal acompanha de perto a liberação do inseticida, que é controlada diretamente pela Sesap. Um outro fator é o aumento do número de casos. É preciso haver uma "curva ascendente" no gráfico desse aumento, ou seja a quantidade de novos casos precisa estar crescendo continuamente para que se utilize o carro fumacê. "A tendência que se vê em Natal é de diminuição desse número", aponta Juliana.

Por isso, em setembro, caso se confirme a tendência, não haveria aumento de casos suficiente para justificar o uso do carro fumacê. O infectologista Kleber Luz disse em entrevista à TRIBUNA DO NORTE na última segunda-feira que a tendência natural é que esse aumento seja freado a partir de julho, mas fez ressalvas. "Temos um controle natural da doença a partir de julho. Mas, em outros anos, na metade de junho os números caíam. Não está acontecendo isso este ano. Os postos de saúde estão cheios, os hospitais da mesma forma. Muita gente reclamando e sentindo os sintomas da doença", disse.

Há uma distinção que precisa ser feita. Embora o carro fumacê não possa ser utilizado num intervalo menor que seis meses, o Município pode usar o inseticida em bombas portáteis, aplicado pelos agentes de endemias. "A bomba portátil é usada de forma mais focalizada, somente nos locais com alta incidência", explica a subcoordenadora de Vigilância Epidemiológica.

O uso da bomba, assim como todas as atividades de prevenção, está prejudicado pela falta de estrutura da Secretaria Municipal de Saúde. Segundo o Sindicato dos Agentes de Saúde do Rio Grande do Norte (Sindas-RN), os seis ciclos de visitas às residências para o combate dos focos do mosquito transmissor da dengue em Natal, completados a cada dois meses durante o ano, dificilmente serão completados por causa da falta de condições de trabalho para os agentes de endemia. 

Tanto Juliana Araújo quanto Kleber Luz apontam que a prevenção é mais importante que o uso do inseticida. "Não adianta ficar dando murro em ponta de faca, combatendo o mosquito adulto de forma paliativa enquanto que a prevenção traz o combate permanente à doença", disse Juliana. "Sem a visita dos agentes, os mosquitos aparecem. Com o mosquito, temos a doença. O trabalho dos agentes é essencial. Não adianta apenas colocar propaganda em TV, rádio ou jornal. É preciso agir em todos os níveis", complementa o infectologista Kleber Luz.

De acordo com o último boletim epidemiológico divulgado pela SMS no último dia 14, a capital do Rio Grande do Norte continua com o quadro de epidemia da doença. São 7.138 casos de dengue clássico em 22 semanas. Comparado com o ano passado, no mesmo período, o aumento de casos 55,24%. No mesmo período, também houve um  crescimento de 49,07% no número de casos de dengue grave. Até agora, são 401 pacientes diagnosticados.

Os números levantados pela SMS apontam que os casos de dengue chegaram, praticamente, à metade do surto epidêmico ocorrido em 2008, quando houve 15.584 casos notificados de dengue. Mas, o pico epidêmico ocorreu em 2001, quando registrou-se 19.221 casos de dengue em Natal. Pelos dados da SMS, a Zona Oeste de Natal continua liderando os casos de dengue, com um total de 2.233. Em segundo lugar aparece a Zona Norte, com 2.123 casos, seguida da Zona Leste, com 1.793 e, em quarto lugar, a Zona Sul, com 989 casos de dengue.


Fonte:   Jornal  Tribuna do Norte

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