segunda-feira, 22 de setembro de 2014

UBS DE MOSSORÓ/RN

Precariedade na estrutura de UBS sobrecarrega atendimento em UPA´s

Unidades de pronto atendimento têm enfrentado greves
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), deve haver pelo menos uma Unidade Básica de Saúde (UBS) para cada 20 mil habitantes nos municípios. Mossoró possui hoje, em média, 284 mil habitantes e 45 UBS, o que resulta na proporção de uma unidade para cada 6.311 habitantes. Entretanto, mesmo dentro do que indica a OMS, a atenção básica no município tem sido motivo de reclamações entre usuários.
  
"É preciso sair de casa de madrugada para pegar ficha porque só tem um médico atendendo. Semana passada eu fui na segunda-feira e agendaram minha consulta para a sexta-feira", disse a aposentada Maria Elisabete da Conceição, atendida no conjunto Vingt Rosado.
  
Na zona rural, é comum que as UBS funcionem apenas uma vez por semana. Outra reclamação de usuários é em relação à falta de manutenção na estrutura física das unidades, como no caso do Ponto de Apoio ao PSF do Assentamento São Romão, em que o forro do teto desabou, no mês de junho deste ano, devido ao acúmulo de material orgânico depositado por pássaros e morcegos.
  
"Se ficarmos doentes, temos que esperar o médico vir ao posto, na quarta-feira, ou procurar um táxi para ir a Mossoró, se for um caso mais grave", diz a agricultora Francisca Lucineide.
  
Com o chamado "efeito dominó", os problemas encontrados por usuários nas UBS acabam refletindo nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), que recebem pacientes com problemas simples, como diarreia e viroses, o que acaba sobrecarregando as UPAs.
  
"A maioria dos casos atendidos na UPA poderia ser solucionado nos postos de saúde, mas como o atendimento aqui é mais fácil que em algumas UBS que enfrentam problemas, as pessoas acabam vindo para cá e nós não recusamos atendimento a ninguém", disse a diretora da UPA do Alto de São Manoel, Lindenete Saturno.
  
Além da morosidade no atendimento, nas três UPAs da cidade, os pacientes estão insatisfeitos com a falta de atendimento devido à greve dos servidores da saúde.
  
"Tomo medicação controlada chamada Keftron e preciso que ela seja aplicada por enfermeiros, mas eles se recusaram a aplicar em mim porque estão em greve. Já falei com a assistente social, mas vou ter que voltar para casa sem receber a minha dose noturna", disse o agricultor Aloísio Dantas Júnior.
  
Em greve desde o dia 15 de setembro, os trabalhadores da saúde reivindicam aprovação de novo Plano de Cargos, Carreiras e Remuneração (PCCR) da categoria. Contudo, até agora as negociações entre o Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Mossoró (Sindiserpum) e a Prefeitura de Mossoró não tem avançado e os servidores seguem em greve.
  
Embora as escalas de médicos estejam regularizadas, os pacientes têm tido dificuldades no atendimento devido à triagem feita por enfermeiros que aderiram ao movimento paredista. "Os médicos não estão em greve. O problema é na triagem, que, devido à greve, os enfermeiros só têm deixado entrar para atendimento os pacientes em estado de urgência e emergência, que é o mínimo que assegura a lei", explica a diretora.
  
Os problemas nas UPAs acabam gerando consequências negativas sobre os hospitais, no caso o Hospital Regional Tarcísio Maia (HRTM), com o encaminhamento para as Unidades casos que poderiam ser resolvidos nas UPAs.

Falta de estrutura compromete atendimento no HRTM

Diariamente o Hospital Regional Tarcísio Maia (HRTM) é palco de desrespeito a usuários da rede pública de saúde, expostos à falta de leitos e médicos, e que se acostumaram a ocupar os corredores do hospital em longas filas de espera.
           
Segundo denúncias de usuários, o setor que mais sofre com a crise é a traumatologia. Funcionários do HRTM comentam que apenas seis médicos ortopedista trabalham nos plantões, em uma escala que prevê sete plantões de 6h, durante o ciclo de 21 dias. O colapso se agrava, pois o hospital atende em média a 700 acidentes todos os meses.
                           
A falta de leitos nas Unidades de Terapia Intensivas (UTI) é outro dos pontos críticos na estrutura do HRTM. Segundo pacientes, diariamente é comum que pelos menos três ou quatro pacientes fiquem em uma lista de espera aguardando para conseguir uma vaga na unidade. Foi iniciada no Hospital uma obra que abarcaria a construção de um novo setor de UTIs com 10 leitos adultos e sete leitos infantis, mas a reforma está parada há mais de um ano, e sem prazo para conclusão.
  
Outro ponto que tem causado dificuldades à população usuária do serviço de saúde pública é o inchaço do pronto-socorro do HRTM. Pacientes denunciam que a superlotação é constante no setor, e o desconforto é notório. Aliado a isso, a falta de leitos nas clínicas cirúrgicas dos hospitais amplia o clima de colapso na instituição regional. Funcionários explicam que o hospital deveria ganhar mais 30 leitos.

A Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap) admitiu, através de nota, que realmente existe um déficit de ortopedistas estatutários para manter em funcionamento o serviço de urgência no hospital, e que a situação se agravou com recentes pedidos de demissão, aposentadoria, readaptação de função, licença médica e férias.
  
Quanto a necessidade de abertura de novos leitos de UTI, a Sesap explicou que esta tem sido uma prioridade da gestão, afirmando que já foram abertos 65 novos leitos de UTI, entre adultos, pediátricos e neonatal, onde 34 destes são mantidos, exclusivamente, com recursos do Orçamento Geral do Estado (OGE), sem a devida contrapartida de recursos do Governo Federal que deveria investir o percentual mínimo de 10% das receitas vinculadas à Saúde e, hoje, não chega a investir 4,5%.


    Por Redação do


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