quarta-feira, 26 de novembro de 2014

QUEDA DE UMA AERONAVE EM SP

Funcionários de prédio brincam com premonição sobre queda de avião

Movimento foi atípico nesta quarta-feira (26) na região da Avenida Paulista. 
Dono de restaurante disse que teve prejuízo com as vendas da manhã.

(Foto: Tatiana Santiago/ G1)
Prédio na Avenida Paulista recebe pintura de avião 
        (Foto: Tatiana Santiago/G1)
Lojas fechadas no prédio na região
 da premonição 
na Avenida Paulista 
Passado o susto da possibilidade da queda de uma aeronave em plena Avenida Paulista, os funcionários que trabalham no edifício comercial Barão de Serro Azul encararam com alívio e até brincadeiras na manhã desta quarta-feira (26) a premonição do vidente Jucelino Nóbrega da Luz.

Ele registrou em um cartório no Centro da capital paulista uma premonição que dizia que uma aeronave partiria do Aeroporto de Congonhas com destino a Brasília, às 8h30 desta quarta, e se chocaria contra um edifício, perto do cruzamento da avenida com a Alameda Campinas, após mudar a rota devido a uma pane.

A premonição levou o síndico do prédio, Severino Alves de Lima, de 67 anos, a distribuir na semana passada um comunicado para informar funcionários e locatários das salas comerciais do prédio, onde funcionam escritórios e consultórios. No aviso, ele deixava aos cuidado de cada um a responsabilidade de liberar ou não os funcionários nesta quarta.

Funcionários das salas comerciais dos andares mais altos do edifício jogavam aviões de papel pelas janelas enquanto davam risadas da movimentação de jornalistas. Por volta das 9h20, o barulho de uma aeronave que sobrevoo o local foi mais um motivo de gozação.

Mauro de Souza, de 55 anos, dono de um restaurante localizado no térreo do edifício, pendurou um aviãozinho de papel dentro do seu estabelecimento enquanto contabiliza seu prejuízo. “Eu nunca acreditei nisso e tinha certeza que isso ia afetar o movimento porque as pessoas têm medo”, disse. “Os clientes já falaram que não vem porque o chefe já disse que não vem e os funcionários também não virão”, afirmou. De acordo com Souza, seu faturamento no café da manhã teve redução de cerca de 30%, o que equivale a R$ 150.

A falta de movimentação relatada pelo empresário também foi observada pelos funcionários que trabalham na recepção do edifício. “Hoje o prédio está como se fosse um feriado, bastante vazio. Não é de costume, o prédio é bastante movimentado. A pessoas que vieram estão fora do prédio”, diz a recepcionista Sônia Dias, de 27 anos.

Antes do horário previsto para a queda da aeronave, o movimento na região era atípico. A banca de jornal localizada quase em frente ao prédio nem chegou a abrir. Dentro do edifício, no térreo, a maioria das lojas permaneceu fechada.

Embarque em Congonhas

O vice-presidente de Operações e Manutenção da TAM, Ruy Amparo, embarcou na manhã desta quarta no voo com destino a Brasília citado na premonição. "Tudo relativo ao voo está na minha responsabilidade. Por isso que estou indo junto. Acho que é uma demonstração de confiança", disse ainda no Aeroporto de Congonhas, na Zona Sul de São Paulo.

Por causa da premonição, a companhia deixou de usar, na escala de 26 de novembro, o número JJ 3720 para o voo. Na data e horário, o mesmo voo tem o número JJ 4732. "Mudamos o número para não atrair muito sensacionalismo, não criar uma marca. Você vê que a gente não está escondendo. Mas a gente mudou para não ficar atraindo muita atenção porque infelizmente, nessa hora, a gente respeita quem tem superstição", disse Amparo.

Nóbrega da Luz explicou que essa previsão apareceu para ele durante um sonho premonitório em julho de 2005 e disse que, desde então, envia cartas à companhia sobre o fato. Ele afirmou que registrou no 8º Cartório de Títulos e Documentos de São Paulo, em 24 de outubro de 2014, um documento descrevendo o acidente.

                   (Foto: Tatiana Santiago/G1)
Prédio onde síndico distribuiu
comunicado sobre 
acidente 
Ruy Amparo não esclareceu nesta quarta-feira se a aeronave prevista inicialmente para o voo foi trocada. "Ele já era um [Airbus] 319. Nós temos 27 desses na frota e com dois dias de antecedência você não sabe nem qual prefixo é porque a malha é muito dinâmica. Ontem [terça] nós tivemos chuvarada no Brasil inteiro, então o avião que foi alocado dois dias atrás foi mudando. O piloto é o mesmo porque a escala é mantida. Às vezes muda por causa da chuva, mas não é o caso."

Amparo, que é engenheiro, falou que "respeita todas as crenças", mas que confia na manutenção realizada na aeronave. "Respeitando todas as crenças, mas a gente trabalha dentro de um apuro técnico. O que vale para garantir a segurança de voo é todo investimento que você faz em manutenção, treinamento de piloto, em atividades com centro de controle, ou seja, um engenheiro crê muito mais nisso do que em qualquer outra coisa", explicou.

Passageiros

Os médicos Felipe Motta e Sara Jasper, de 26 anos, vão para Brasília no voo 4732 por causa de um congresso. "Eu não sou nem um pouco [supersticioso]. Claro que se a pessoa disser para você que o seu avião vai cair é preocupante, mas...", afirmou Felipe. Ele disse que não avisou para a família que embarcaria no voo citado pelo vidente.

Sara encontrou resistência do marido no embarque. "Ele ficou apreensivo, queria que eu mudasse o voo, mas eu falei que não ia mudar", contou. "Eu acho que as pessoas acreditam muito nisso. Conheço pessoas que desmarcaram esse voo para Brasília porque acreditam. Uma amiga minha que ia fazer conexão desmarcou, mas eu não acredito nessas previsões."

(Foto: Olivia Florência/ G1)
Comunicado enviado aos condôminos de prédio sobre a premonição

Por
Tatiana Santiago
Do G1 São Paulo

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